Ainda assim, sobrevivemos!
São Paulo, capital, sempre foi um tormento para muitos. Para mim, não, até então.
Nasci lá, morei lá, e minha pequeña morou, fez balé e teatro lá. Lá tem de tudo, tudo o que você precisar. Basta ter paciência de procurar e chegar. Muitas vezes o que se procura não é achado. Foi engano, existiu, mas não existe mais ou nunca existiu e você foi enganado.
Mas o centro, o coração da cidade, esteve lá desde a fundação e estará lá por muito tempo… quero crer.
É meia verdade. Nem tudo tem lá. Silêncio, sossego, paz, são partes difíceis daquele burburinho.
Balé, opção da minha pequeña. Ok, moramos agora a cento e cinquenta quilômetros de distância do melhor centro de aprendizado de balé. Solução? Marcar aula e ir até lá três vezes por semana. Ela ainda não tinha nem idade para morar sozinha.
Eu iria levá-la. Três vezes por semana era nossa rotina.
Anhanguera em seguida.
Sair de São Paulo às cinco e trinta da tarde, em direção à Anhanguera, era o que havia de melhor. (Sim, isso é uma ironia). Era a hora em que terminava a aula de balé.
Estávamos entre os motoristas mais cansados, os mais famintos, entre os caminhões mais carregados, os mais irritados e ansiosos para chegar em casa. Éramos nós duas assim também. Sonhei “n” vezes com o meio de transporte de “Star Trek”.
Seis pistas em determinados trechos, seis pistas atoladas de carros e humanos dentro dos carros com os mais variados humores. Tudo piorava quando chegávamos perto dos pedágios.
Tínhamos que olhar rapidamente para as filas. Decidir quais as que estavam andando mais rápido, as que tinham menos caminhões.
Com grande frequência, descobríamos que a pista escolhida abrigava um ser lerdo que não achava o dinheiro e/ou as moedas para dar ao atendente.
A cancela não se abria e outras filas, que achávamos mais lentas, já tinham liberado seus carros.
Tudo bem, aos poucos isso foi se tornando rotina. Alguma mudança havia, quando, além disso tudo, chovia.
Foi num desses dias que me inspirei para escrever sobre o quase acidente de Zizibar, um outro contozinho que escrevi.
Eu, na verdade, já conhecia quase todas as variações e poças que se formavam na estrada.
Já era comum saber onde entrar na poça com um carro ao lado, onde esperar o carro ao lado passar primeiro. Isso tudo em uma velocidade média de cem a cento e vinte quilômetros por hora, conforme era permitido.
Eu já tinha experimentado de tudo… As sugestões eram: óculos amarelo para chuva, óculos escuros para noite e chuva, e outras sugestões a mais que agora não lembro.
Mas, nenhuma sugestão para quando um caminhão carregado se jogasse em cima de você.
A boleia do caminhão estava um pouco à frente do meu carro, e acho que a altura dele, mais o negrume da noite, mais a chuva fina e densa que encharcava toda a pista, onde os faróis dos carros das pistas opostas ofuscava toda vista, sugeriu ao motorista que mudasse de pista.
Embora minha pista fosse a de maior velocidade, ele estava pareado com caminhões mais lentos e iria ficar rapidamente impedido por outros caminhões mais lentos à frente dele.
Aí, parece que o motorista resolveu que não queria diminuir a velocidade!
Não sei o que acontecia do lado direito dele, eu não via, mas ele, de repente, se aproximou rapidamente do meu carro e entrou na pista em que eu estava sem cerimônia.
Minha reação instintiva foi jogar o carro para a esquerda. E joguei. Lógico, caí no canteiro do meio entre os dois lados das pistas.
Acho que recebi vários bônus de vida naquele dia.
Os canteiros do centro costumavam ser mal cuidados, muitas vezes pessoas atravessando a pista paravam lá, para terminar de atravessar.
Depois de todos os trancos que o carro deu, no terreno acidentado do canteiro, ele parou vários metros adiante.
Não atropelei ninguém. Eu e minha pequeña, além do baita susto, não sofremos mais nada.
Demorei alguns segundos para tirar os braços de frente da minha pequeña. Ela estava apavorada. Eu também, lógico!
Um dos pneus sumiu. Não sei até hoje onde ele foi parar. O carro estava com somente três pneus.
Eu tinha um celular na época, aqueles modelitos tijolão, mas não ia adiantar de nada eu pedir ajuda dali. Eu precisava atravessar as seis pistas que me separavam de um restaurante que eu sabia que estava lá.
Além de tudo, ele estava bem iluminado e eu já tinha parado lá várias vezes.
Não sei como conseguimos, mas entre sinais histéricos de faróis e buzinas nervosas, atravessamos, chegamos do outro lado. Acho que nunca apertei tanto a mão da pequeña.
De lá, sentadas no bar do restaurante, pedi ajuda. Foram nos buscar mais tarde.

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