O sumiço das esfirras

O sumiço das esfirras. Um mistério misterioso.

Ele chega a jato, meu pequeño, de um metro e oitenta e cinco? Oitenta e três? Sei lá, por aí…

Uma bandeja de esfirra nas mãos, com duas dentro, de recheios diferentes.

Já acusando, com o dedo em riste, vocifera:

– Cadê as esfirras daqui? Eram duas de cada recheio para cada um. – diz ele.

– Então, essas eram as minhas… como tem duas aí, cada uma com um recheio, significa que comi duas, uma de cada sabor. – digo eu, não entendendo nada ainda.

– Quando você comeu? – ele retruca.

– Estávamos na cozinha, eu junto contigo, preparei as duas ao seu lado, coloquei requeijão, não lembra?

– Isso significa que você comeu seis, duas a mais do que devia. – diz a “criança” indignada.

– Não! Comi duas. As que já falei para você. – De onde você tirou essa conta? – eu pergunto ainda sem entender a razão de tal estardalhaço, mas já com vontade de rir.

Com o dedo ainda em riste, o “pequeño”, chacoalhando os indicadores, ainda insiste…

– De onde você pegou? – indaga ele, já, mais reticente e com cara de riso.

– Da mesma gaveta que você guardou a baguete que trouxe para mim… (eu já quase não aguentando segurar o riso).

…. hesitação, dedos chacoalhando… hesitação, dedos fazendo movimentos circulares…corpo de lado, postura de sabedor das coisas, hesitação… sobrancelhas levantadas, sons meio esquisitos…

– Então, minha irmã, que disse que não ia comer, comeu!

De fato, tinha mais alguém ainda para culpar.

…. hesitação, dedos chacoalhando… hesitação, dedos fazendo movimentos circulares… cara de: como me livro dessa? Risinho embutido… depois de um tempo, olhando para minha cara com a boca apertada…

– Acho que então eu vou verificar a outra bandeja…

…. hesitação, dedos chacoalhando… hesitação, dedos fazendo movimentos circulares… cara de: como me livro dessa? Risinho embutido… prenúncio de confissão…

finalmente, sucumbe à própria sorte.

– Estou enrolando porque acho que sou eu que estou errado, e … o pequeño faz movimentos circulares com as mãos, impossíveis de deter qualquer confissão.

Eu não aguento – ponho minha mão na boca tentando evitar a gargalhada, mas meu corpo chacoalha com o turbilhão de risadas que eclode pela minha boca e dispara pelo ar afora, provocando sons impossíveis de serem dissimulados, e não podem nunca mais serem desfeitos, “desridos”.

Risada sonora escancarada e gostosa de ambos.

Ele vai embora, e minutos depois volta… ainda com a mão acusatória e apontando para mim… dedo em riste.

Eu ainda rindo… impossível resistir à cara de “me ferrei”…

Ele.

– Mas ainda vou fazer mais verificações, não pense que já se livrou disso, não!!

Me lembrou o Calvin, sem o Haroldo…

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