REFLEXÕES CAÓTICAS

Reflexões Titubeantes… se é que isso pode significar algo!!

Dizem por aí, temos uma tecnologia que avança a passos largos (sabe-se lá para onde), mas avança. Mesmo sem referência para situar para onde a dita avança, as palavras são faladas como se elas tivessem realmente significado.

Pode ser que elas tenham significado e meu QI esteja aquém do QI dos experts e eu é que não entenda. Mas, realmente palavras comparativas, sem referência ao comparativo, nossa linguagem está cheia. E as pessoas falam e falam, feito papagaio, de preferência repetindo palavras chiques e intelectualizadas (assim como eu estou tentando fazer) mas sem significar nada.

Lógico, quem tem coragem de dizer que não entendeu? Quem vai se expor à ferocidade das críticas, dos superiores, dos intelectos privilegiados? Aqueles que abrem a boca e gritam com tal autoridade que inibem qualquer contestação, a respeito de qualquer coisa. Aqueles que foram eleitos, pela própria comunidade que também se serve dessa autoridade para se proteger de si mesmos.

Ou os deixamos falar sozinhos e não acreditamos, ou não questionamos, nos consideramos burros para alcançar tal sapiência e nos recolhemos à nossa insignificância. Amém.

A tecnologia trouxe novidades e ainda traz, o tempo todo.

O mistério que envolve muitas atividades, como os códigos, por exemplo, que antes eram um e zero, agora são frases e ordens dadas ao intelecto computacional, é compensado pelo conforto do home office, por exemplo.

Meio vestida, meio despida, considera que a única obrigação que podemos nos impingir, ao usar o computador para trabalhar, divertir, aprender; é essa liberdade de apresentação.

Ninguém mais precisa ser sócio do clube de nudismo, ou de ambientes permissivos para se sentir livre das amarras de roupas indesejadas.

Literalmente, no calor debaixo dos trópicos, e com home office, pode se dizer que somos mesmo um país abençoado por Deus.

Sentar na frente do computador com o rosto maquiado, mas ventos vindos de todos os lados, refrescando todas as partes restantes, fora da vista da câmera, não é algo com o que se possa competir em termos de conforto.

Depois de muitos anos escolhendo toda manhã o que vestir, o que ainda está servindo, o que não vai apertar, o que já está passado, o que está amassado, o que combina com o quê, é a glória das glórias reduzir as preocupações somente com o rosto. Ainda assim, é uma preocupação, mas, convenhamos, numa escala muito reduzida.

Para quem escreve, então, como eu, atende clientes on-line, faz legendas para streaming, o único cuidado é que a porta da varanda não esteja voltada para a rua. Passantes podem ser um perigo.

Mas, cortinas e venezianas, costumam resolver essa questão.

Voltando aos ventos refrescantes, há também as benditas cadeiras de couro. Couro, numas… quando questionado da veracidade do “couro”, o sorriso amarelo dos vendedores, admitindo que sim, é couro, mas couro sintético, ficamos a imaginar como é a vaca produtora desse couro, onde ela vive, o que come, enfim… voltando ao imaginário infantil é um delicioso exercício de liberdade.

As cadeiras de couro… ops! “couro sintético”… vestidas com camisetas jeans no espaldar, aliviam o calor. Camiseta na cadeira, ótimo! As blusas que filtram o calor provocado pelo “couro”. Nesse caso, há condição de sobrevivência. Numa questão on-line, blusas também servem para vestir a cadeira.

Mas o conforto do trabalho on-line não para aí. Não há cheiro dos outros, nem o seu, para o outro (economia de perfume francês, que, aliás, atualmente não há verba para compra). Você não precisa oferecer café… pode tomar café na frente de seu convidado, pode até fazer uma gracinha sugerindo que o outro possa experimentar o que você está tomando ou comendo.

Mas, precisa tomar cuidado com seu background. Não raras vezes, há muita coisa hilária acontecendo atrás de você.

No meu caso tenho uma fênix e um guarda-roupa, mas já vi pessoas passando, um desavisado passando vergonha, gatos pulando, um engraçadinho colocando um chifre em você, e como estamos ocupados olhando para o outro lado da câmera, você passa vergonha, até ver o engraçadinho fazendo graça… quando vê.

Aí seu convidado do outro lado da câmera começa a rir e a sua imaginação corre solta, pensando -“como estou linda, como sou agradável, como encanto os outros e como gostam de mim”, assim como se houver um espírito “de perseguição”, outros pensamentos tenebrosos acontecem… -“meu batom borrou, os cílios postiços caíram, minha prótese dentária (nome chique para não passar muita vergonha) saiu do lugar? Estão gozando da minha cara, algo que não sei está aparecendo, meu Deus! Quero morrer…”, mas aí… “Inês é morta”… o engraçadinho já se foi, você já se perdeu no assunto, já estão falando de outras coisas e você não sabe o que responder, pois só ouviu seus pensamentos persecutórios…

Quando perde a paciência, demonstra toda sua selvageria levantando-se e, sem aviso, e tudo o que está usando… ou não… fica disponível, é denunciado, para correr atrás do infeliz, que agora já está longe, rindo pacas de seu malfeito. A vingança precisa então ser planejada e não raras vezes a gente esquece que tem alguém do outro lado vendo tudo.

Pode haver denúncia de maus-tratos, assédio moral, palavrões indizíveis, até objetos não recomendados, jogados na direção do engraçadinho. E tudo com prova. Tem uma testemunha do outro lado, que pode depor em favor do denunciante.

“Mon dieu”… o que estou falando? Melhor… o que estou escrevendo?

E as vantagens continuam, logicamente equilibradas pelas desvantagens.

Nem tudo o que você quer falar, deve ser falado. Isso nem é característico do home office, mas característica do ser humano. Ao vivo a gente também toma esse cuidado. Pode ferir susceptibilidades. (nossa, o Word aceitou a palavra sem a pecha do risco vermelho)… susceptibilidades… tá ficando mais “erudito”.

Bem, continuando a ladainha, sentada na frente da câmera, na frente do computador, meio vestida, meio despida, há outros perigos a serem evitados e outras vantagens a serem vividas.

Você pode fazer compras… ah! Aquele vestidinho que você não compraria ao vivo, nem por decreto, pode ser comprado fora de vistas invejosas e críticas. Não sei se vai usar, mas dá para comprar.

Aquele perfume. Embora não precise, não quer ficar cheirando nada. Não precisa agradar outros, mas pode cheirar bem, para você mesmo.

Aquela comida para entrega. Nunca compraria ao vivo, mas para entrega, sim. Ninguém vai ver mesmo. Aquele objeto que jamais entraria numa loja para comprar, agora pode fazê-lo via internet. Basta avisar na loja que quer um embrulho, como se fosse presente infantil. (Nunca comprei lá, só imagino que o disfarce do pacote seja esse… LOL)

Tudo, tudo ou quase tudo muda quando as coisas podem ser feitas em segredo. Até a coragem fica maior, diante do computador. Lógico, o xingado não vai chegar perto de você. Ele nem sabe quem é você, é porque você tomou o cuidado de não por seu nome todo… ou pôs? E o endereço, tem localizador no computador? O xingado sabe onde você está?

F*d**!!

A swat apareceu na sua porta? Lá se foi seu plano de liberdade, meio vestida, meio despida.

Vai ver, agora, “o sol nascer quadrado”, para voltar aos anos cinquenta. Acabaram-se os sonhos de liberdade. Liberdade sonhada, construída na frente do computador… uma pândega!

Glossário

Passos largos = aqueles passos além do que a perna pode dar. Sim, sou cética.

QI aquém… = limítrofe, border line, whatever.

Falar feito papagaio – psitacismo.

Palavras “intelectualizadas” = besteirol que não significa nada, mas causa impacto nos desavisados.

Perfume francês – aquele que você compra em 24 vezes no cartão de crédito, e só usa em ocasiões especiais… que nem roupa nova antigamente, que só se punha aos domingos.

Background – ao contrário do que se possa pensar, é, literalmente, aquilo que está atrás de você na visão da câmera.

Fênix – Um pássaro da mitologia que renasce o tempo todo das cinzas… haja paciência!

Mon dieu – Meu Deus, em francês… só para parecer que sei falar francês. Na verdade, o que aprendi no colégio foi: “Je suis une petite fille” puis “Tais-toi”.

Erudito – “que ou o que tem ou revela erudição”- descrição do dicionário. Adoro dicionário que “chove no molhado”, tautológico, pleonástico, mas, convenhamos, fiz a pergunta errada. Deveria perguntar sobre “erudição”.

LOL =laughing out loud. Rindo para cara****, rindo bastante, rindo demais, etc.

Swat = acrônimo para Special Weapons And Tactics, unidades policiais especializadas nos departamentos de grandes cidades – definição oficial, mas para mim, pode ser o delírio persecutório de todo ser “inimportante” que quer ser importante, achando que a SWAT tem algum foco sobre ele e ele vai ser pego porque está fazendo arte!

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *