VOU OU FICO?

“O Dilema da Decisão →

Levantar ou Não Diante do Desconhecido”

— Vou ou não? Levanto ou não?

Depois de um baque, ouvido na cozinha, a decisão é crucial, no entanto, ela precisa de muitas análises antes de alguma atitude mais drástica ser tomada. Por exemplo, levantar, sair correndo e acudir qualquer acidente que possa ter ocorrido, sofrer um acidente pela corrida…

Como na metodologia: qual método? De campo, ou não, pesquisa qualitativa, quantitativa, ou a que melhor servir ao meu propósito?

Mas e se nenhum acidente ocorreu? Ninguém gritou, no entanto, isso pode ser sinal de maior gravidade no ocorrido, pode ser que não haja consciência para reação, pode ser.

Enfim, o que faço, considerando tudo isso?

— Vou ou fico? Aliás, vou ou fico aonde?

Resolvo ir. Minha consciência não sossega, se eu não for.

Levanto-me, melhor, tento… as juntas do joelho estão melhores agora que comecei a me exercitar e tomar gelatina todo dia.

Os braços podem ajudar, enquanto o movimento de levantar ainda não está completo. Eles continuam fortes e aliviam o peso que o joelho tem que carregar.

Mas… o que estou fazendo? Por que quero levantar?

Verifico minha “workstation” e confiro:

  • Sei que minha garrafinha térmica está cheia.
  • Meus chocolates estão na gaveta.
  • Ainda é dia, não esqueci de deitar…
  • E os meninos…

Ah! Os meninos. Foi o barulho do baque que me fez pensar todas essas considerações e agora ainda não decidi o que fazer. Mas ninguém gritou!

Bem, de novo vou considerar a possibilidade de a não emissão de som após o baque, ter maior gravidade, mas… pode ser que não tenha havido nada…

Bem, a essa altura, se alguém se machucou, “Inês é Morta”, porque, porque… porque… do que estou falando?

Ainda estou sentada, decidindo o quê? Por que parei com minhas atividades aqui e estou com a sensação que deveria ir para algum lugar?

Mas não demora muito para eu decidir que, afinal, não demora muito para eu terminar o que comecei e depois me incumbo de … o que mesmo?

— Ah! O baque… bem se alguém se machucou, ou já se recuperou, ou não há mais o que fazer.

Acho que esqueci…quando, entra o meu pequeño (sim o chamo de pequeño, apesar de seus um metro e oitenta e cinco, e acho que uns… cem quilos?? Ele é lindo! Ela também, a filha → mas ela não gosta que eu fale isso. Acho que é modéstia…

— Mãe! Que barulho foi esse?

— Qual barulho?

— Um baque!

— Ah, você também ouviu! Tinha me esquecido dele, tanto que as considerações que levantei… também já esqueci e…

— Mãezinha! — Fica quieta, senão quem vai esquecer porque veio até aqui, sou eu!!

— Se você está aqui, pode ter sido sua irmã…

Começo a rir, porque é o que faço de melhor, especialmente no momento que o assunto principal já se foi… foi para cucuia!

— Não, ela está aqui comigo.

Me viro e vejo os dois, meus filhos preferidos, olhando para mim, esperando uma resposta, que aliás, não tenho.

Novamente outro baque, agora nós três juntos ouvimos.

Depois de algumas investigações, descobrimos que, não sei porque cargas d’água, alguns passarinhos acham que os vidros não existem. Eles vem voando a toda velocidade e dão de cara, ou melhor, de bico, nos vidros das portas que temos.

E depois o passarinho, meio atordoado ainda, parecendo que bebeu todas, vira-se, anda meio metro trançando as pernas e como um albatroz aparvalhado, dá impulso e levanta voo.

Bem, pelo menos parece que ele percebeu que não poderia continuar naquela direção… acho… melhor que eu, que ainda não decidi se vou ou fico.

De vez em quando também ouço um som de britadeira. Um som não muito forte, médio, mas esse som já descobri que alguns pica-paus gostam da madeira de minhas janelas. Acho que preciso fazer uma verificação de praga.

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